Mostra Andante de Julio Minervino
Na beira da estrada: o andarilho.
O tempo astuto, com suas andanças, descreve no orbe do olhar uma geografia, onde mudanças de ventos e de estações, transformam a paisagem humana.
Estamos diante de um fluxo de energia, onde os acontecimentos desenham uma equação, onde o eu, o autobiográfico se insere na figura do andarilho, para cantar com seus passos e seus olhares a passagem do tempo e dos lugares.
Esta figura anônima, que passa ao longo dos caminhos, nos atalhos, nas longínquas rotas, concebe sua existência discreta na imaginação do outro, que pensa sensível a natureza humana inclusa na experiência poética. W. Blake no seu The Pilgrim’s Progress (1824-1827) ilustra este sonho do andarilho que leva nas mãos um livro e um fardo pesado nas costas.
No percurso dos fólios de um caderno, Júlio prefigura as andanças de seu andarilho, que sendo ele mesmo, transforma-as em suas lembranças. No caminho de sua poética original a clareza da sombra do andante apresenta-se como narrador.
São nos desenhos, nas litografias que economicamente se visualiza o universo de Júlio, que declara a sensível questão do mundo: a busca da rota, de geografias fragmentadas, do tempo sem recursos numéricos, dos pedaços de espaços e da vertiginosa necessidade de significar o anônimo em identidade.
Feres L. Khoury
Júlio Minervino
Natural de Catanduva – SP – 1953
Vive e trabalha em São Paulo
Bacharel graduado pela Faculdade de Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, SP, 1977;
Mestrado em Arte, Educação e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP, 2000;
Professor da Faculdade de Arquitetura do Mackenzie, curso Desenho Industrial;
Professor da Faculdade Santa Marcelina, curso de Moda;
Ilustrador no Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, 1986 a 1995 e colaborador nas revistas VOGUE, Veja, Isto É, Status, Planêta, Editora Ática;
Destacam-se as exposições; individual de aquarelas no MASP em 1979; coletiva VI exposição de Belas Artes Brasil-Japão, Osaka, 1983; evento paralelo à 19ª e 20ª Bienal Internacional de São Paulo, 1987 e 1989; Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, 1985 e 1992; projeto Arte no Metrô SP, 1992 e 2006; coletiva Universidade de Murcia Espanha, 2006.