Mostra Dark Passion de Alex Gama

 

DARK PASSION
ALEX GAMA
Como O Olhar, A Razão
Deus Me Deu, Para Ver
Para Além De Visão –
O Olhar De Conhecer.
Fernando Pessoa

Sem dar muita atenção a denominação que possa ser atribuída ao seu imaginário, Alex se preocupa com o apuro a ser alcançado na manifestação de
sua artistícidade. Avesso às pressões do circuito artístico ou mercadológico Alex rejeita as formas de confinamento ideológico ou corporativo que possam interferir no seu desígnio artístico. No seu processo de trabalho a auto-crítica e a reflexão sobre seus projetos é incorporada como uma etapa indispensável para evitar redundâncias ou facilidades na construção das imagens.
O fazer artístico pressupõe talento, intuição e outros fatores inatos que não podem dispensar o conhecimento como importante contribuição para o aperfeiçoamento no plano do sensível, do pensamento, da percepção e do juízo de valores.
A liberdade de criação e de ação é conquistada pela conjugação das qualidades inatas com as adquiridas.
Do ponto de vista do processo de trabalho propriamente dito Alex incorpora a experimentação como laboratório para novos desafios não só no terreno da construção e organização das imagens, mas especialmente na ampliação do seu repertório e sempre atento para a distinção entre o que é o novo ou é apenas novidade.
No universo temático de Alex é evidente a sua preferência pela geometria. Ao utilizar elementos geométricos, Alex cria um paradoxo pela falta de apego as regras e leis da geometria – aquela que investiga as formas dos seres matemáticos. Esta despreocupação pode ser tomada como licença poética.
Como artista gravador é com a xilogravura que ele mais se identifica. A madeira é sua matéria-prima para projetos em 3 dimensões e no plano.
A madeira no plano com cortes de fio onde topo não é apenas o plano-suporte para os sulcos, ranhuras e cortes. Alex incorpora o “tecido gráfico” das fibras da madeira como forma de interlocução com as texturas criadas pelo ato de gravar.
É assim que a madeira adquire a condição de matriz no sentido mais amplo do termo – lugar onde algo se gera.
A intervenção instrumental de Alex se reduz a uma economia inusitada – a ponta seca e eventualmente a um buril. Para o artista é o bastante para obter resultados surpreendentes na construção dos valores intermediários de cinzas de grande sutileza gráfica em plena harmonia com o vigor dos pretos e das cores primárias. Para alcançar o rigor que seus projetos propõem, Alex atua em todo o processo de criação, inclusive da impressão das imagens.
Alex trabalha sem pressa, na contra-mão da pressão para atender a demanda, o açodamento do consumo que caracteriza o modo de vida vigente, do qual o trabalho artístico nem sempre escapa.
Esta postura artística e ética da defesa primordial da excelência dos resultados não deixa espaço para a idéia do sucesso a qualquer preço.
Alex fica isento da condição de ser “o artigo do dia” como diria Sergio Milliet.
São Paulo, abril 2011
Renina Katz

Texto de Alex Gama
Quando decidi pela gravura em madeira, não queria uma gravura tradicional somente claro /escuro, com cortes precisos partindo do negro em busca da luz.
Resolvi romper com essa tradição na maneira de gravar na madeira de fio e ao mesmo tempo valorizar o suporte, a matriz, mostrando que a maneira em toda sua exuberância deveria estar presente no trabalho.
Daí toda essa gama de cinzas e onde, sem dúvida a cor está implicitament presente, bem como a presença do veio da madeira, em perfeita harmonia fazendo parte integrante das TRAMAS criadas, numa iteração harmônica, um modo de gravar que é um gesto de carinho, uma poesia gravada, sem o corte brusco, seco, sem sangrar.
Por isso optei pela vertente do movimento neo concreto onde posso expressar todo meu processo criativo, fazendo disso uma opção que as vezes chega a ser exasperante até para o ato de criar, mas que o resultado é sempre surpreendentemente coerente até para o artista em seu universo criador
Alex Gama, nascido 05.09.1950 – Barra Mansa – RJ, é artista, curador, restaurador e professor, com forte experiência gráfica adquirida como Coordenador Chefe do Gabinete de Gravura do Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro – RJ – 1987/1991, participação do Processamento de Acervo do Museu Histórico
Nacional – Área de Preservação e Conservação de Obras de Arte Sobre Papel-Restauração – Rio de Janeiro – RJ – 1991/1996 e no Inventário Iconográfico da Fundação Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro – Rj. É Membro da Comissão Técnica de Arte do Museu de Arte Latino-America da Universidade ESSEX – Inglaterra – UECLAA.
Participa de exposições desde 1975, nacionais e internacionais com destaque para: Art Gallery N – Munich – Alemanha 1992; Museu da Universidade de Essex – Galeria 32 da Embaixada Brasileira – Londres – Inglaterra; Gravuras – Espaço Cultural dos Correios – Rio de Janeiro – RJ. Curador de exposições de importantes artistas brasileiros: Renina Katz e Livio Abramo no Museu Nacional de
Belas Artes – Rio de Janeiro – RJ.

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