Exposição “O estado da arte no ofício”

A gravura em metal no atelier da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais

Esta coleção de estampas busca oferecer um panorama do pensamento e do ofício num locus de trabalho específico, a Casa da Gravura, um espaço situado no bairro da Pampulha, e fora do campus da Universidade Federal de Minas Gerais. Este atelier é destinado especificamente às práticas da Xilogravura, Serigrafia, Litografia e Gravura em metal, além da disciplina específica de Impressão, compondo assim o ideário de uma escola gráfica.

Para esta mostra apresentam-se obras que ilustram uma linha de pensamento e uma postura ética da gravação e impressão em gravura em metal. Tal alinhavo afirma-se por uma recorrência de pesquisas técnicas e da relação destas com as imagens que acabam por se consolidar em poéticas. Desta forma, uma maneira de gravar aflorou, como resultado de certas afinidades e procedimentos.

Em paralelo às atividades didáticas, neste espaço desenvolvem-se pesquisas, inclusive de professores e de ex-professores da UFMG, além de muitos alunos e ex-alunos que frequentam e debatem sua produção em paralelo ao currículo institucional. Tal procedimento, que mescla ensino e prática de atelier, confere um caráter dinâmico a este espaço de trabalho, um ambiente onde se mesclam fazer e pensar.

O que se destaca neste cenário é a tradição da gravura, mantida pelo respeito à certas forças vitais alheias às facilidades e modismos. No contexto das Belas Artes, o desenho, o repertório histórico e o conhecimento técnico da arte de gravar e imprimir, apresentam-se como um desafio num quadro de possibilidades de imensa riqueza.

Para compor esta mostra panorâmica foram convidados alguns artistas, já sabendo das limitações de toda seleção, mas procurando manter um recorte representativo desta maneira de fazer gravura. São eles: Maria do Céu Diel, Afrânio do Prado Ornelas, Paulo Pardini, George Rembrandt Gutlich, Thomaz Carvalho Lima, Alê Fonseca, Julia Mello, Daniel Pizani, Manasés Cavalcanti e Felipe Florencio.

Pelas estampas aqui presentes pode-se averiguar um testemunho da vida das imagens engendradas sobre as pranchas de cobre, de imagens que despertam como formas de deleite, de pensamento, mas sobretudo dão testemunho da força e do apelo das gravuras em metal.

George Rembrandt Gutlich, curador da mostra.

Lista de artistas

Maria do Céu Diel (Porto Alegre,1962) é professora associada III , aposentada, da Escola de Belas Artes da UFMG. Formou-se em Educação Artística pela UNICAMP, onde fez mestrado, doutorado e pós doutorado. Foi aluna de Marco Buti, Evandro Jardim, Marcelo Grassman, Marcio Périgo, Ermelindo Nardim, José Roberto Teixeira Leite, Eduardo Subirats e Milton José de Almeida. Dedica-se ao desenho, à gravura em metal e à colagem. Pesquisa a arte da memória e a pedagogia visual.

Afrânio Ângelo do Prado Ornelas. Bacharel em Artes Plásticas nas habilitações: Gravura e Desenho. Atuou como Professor Substituto no Departamento de Artes Plásticas- Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Ministra cursos nas disciplinas de Iniciação ao Desenho, Técnicas de Desenho e Aquarela. Centro de Extensão da Escola de Belas Artes da UFMG, desde 1998 até a data atual. Participa de diversas exposições e atua como orientador em eventos e festivais de arte.

Paulo Pardini. Natural da cidade dePoços de Caldas. Iniciou seus estudos de gravura nos anos 1980 sob a supervisão de Clébio Maduro e influencia de Evandro Carlos Jardim. Participou de diversas mostras individuais e coletivas, alem de prêmios em salões importantes. Desenvolve uma pesquisa sobre a representação da paisagem e a interação do homem no ambiente urbano a partir das possibilidades de criação de atmosferas em diversas técnicas da gravura em metal.

George Rembrandt Gutlich. São José dos Campos, 1968. Pós-doutor pela Universidade de Lisboa, Doutor pela Unicamp. Professor adjunto de gravura em metal da Escola de Belas Artes da UFMG. Artista gravador atuante desde os anos 1980. Sua formação está ligada a Marcello Grassmann e Claudio Mubarac e Evandro Carlos Jardim, além do próprio pai, Johann Gutlich. Premiado no ultimo salão de arte contemporânea de santo André (2017) e homenageado com exposição retrospectiva no Museu da Xilogravura de Campos do Jordão e com o premio Artista do Ano – 2018.

Thomaz Carvalho Lima, mestrando em Artes Visuais, Bacharel em Artes Visuais com habilitação em Gravura (2016) e Licenciado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (2017). Intercambista do Programa Ciências Sem Fronteiras, no período de 2012 a 2013 na universidade de Florença, Itália. Realizou curso de gravura em metal na Escola Bizonte, de Florença. Participa do grupo de Pesquisa Linha, com discussões acerca da imagem /memória na formação do artista e de sua percepção sobre a realidade.

Alê Fonseca, Belo Horizonte, 1989. Desde 2008 trabalha nas áreas de fotografia e desenho. Atualmente conclui o curso de Artes Visuais na UFMG, onde desenvolve trabalho em gravura em metal com ênfase nas técnicas da Maneira Negra associada à apreensão de imagens pela câmera lúcida. Em 2017 atuou como monitor no atelier de Gravura em metal, onde também apresentou publicamente oficinas de processos fotomecânicos de gravação.

Daniel Pizani: Bacharelando pelo curso de Artes Visuais da UFMG. Aplica-se ao estudo, prática e da apreciação do desenho, da gravura e da escrita. Em 2017 participou de algumas mostras de desenhos nas cidades de Belo Horizonte e Curitiba, tendo recentemente publicado seu primeiro livro, Olhos Sujos, pela editora Chiado, de Portugal.

Julía Mello: Bacharelanda pelo curso de artes visuais da UFMG. Interessa-se pela prática e entendimento da gravura, do desenho e da pintura. Participou de mostras de gravuras e desenhos nas cidades de Belo Horizonte e Curitiba, tendo recebido sua primeira menção honrosa pelo Prêmio Ibema de Gravuras, de 2017

Manassés Muniz Cavalcanti. São Miguel dos Campos, Alagoas, 1991. Graduando em Artes Visuais com habilitação em Gravura. Desenhista e pesquisador. Foi monitor por dois anos na disciplina Forma, cor e composição, sob a supervisão da professora Maia do Céu Diel. Realizou exposições coletivas em Belo Horizonte e Curitiba. Atualmente desenvolve seu trabalho no atelier de gravura da EBA-UFMG sob a orientação de George Gutlich.

Felipe Florêncio, Pedro Leopoldo-MG, 1991, estudante de Artes Visuais desde 2016 com ênfase em licenciatura na Universidade Federal de Minas Gerais. A pesquisa visual/intelectual se manifesta na criação de desenhos, pinturas, gravuras e colagens. Sua busca como gravador se iniciou pelo desenho e pintura, por processos de análogos aos de sulcagem e raspagem das superfícies.

Palavras finais

A exposição na galeria Graphias tem por objetivos promover um movimento de imagens, possibilitar a visibilidade de artistas e, sobretudo provocar certas identificações que, apesar de se tratar de contexto distintos, de certos acordos tácitos na prática, revelam muitos laços de afinidade.

Esperamos que esta mostra possa suscitar conversações entre as imagens, elucidar emblemas, alimentar sonhos, especular sobre o mundo das formas, firmar amizades e imprimir imagens indeléveis.

George Rembrandt Gutlich e Maria do Céu Diel.

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